O Vaticano celebra nesta quinta-feira, 2, a solenidade da Ascensão, que no calendário litúrgico da Igreja no Brasil, está marcado para o próximo domingo, 4. O mesmo acontece na maior parte da Igreja no mundo.
A Ascensão de Jesus ao Céu, explica o Papa Bento XVI, é um mistério da fé cristã. Jesus sai da terra em direção ao Céu diante dos olhos dos discípulos, este é seu último ato terreno depois da Ressurreição. Jesus sai fisicamente da história humana para entrar fisicamente no Reino de Seu Pai.
“Na Ascensão de Cristo ao Céu, o ser humano entra numa nova intimidade com Deus, sem precedentes. O homem encontra agora, e para sempre, espaço em Deus. O 'Céu' não é um lugar sobre as estrelas, mais uma coisa muito mais ousada e sublime: é o próprio Cristo, a Pessoa divina que acolhe plenamente e para sempre a humanidade, Aquele no qual Deus e o homem estão inseparavelmente unidos para sempre”, disse o Papa em 2009.
O dinamismo da Ascensão não pode se opor ao dinamismo da Encarnação, quando o Filho de Deus abriu pela primeira vez - com sua vinda para o meio dos homens - a comunicação entre o Céu e a terra.
O Pontífice esclarece que Cristo, de fato, veio ao mundo para levar o homem a Deus, não sob o plano ideal – como um filósofo ou um mestre da sabedoria – mas realmente, como um pastor que quer reconduzir as ovelhas ao aprisco.
“Este 'êxodo' para a Pátria Celeste, que Jesus viveu em primeira pessoa, foi totalmente dirigido para nós. É porque Ele desceu dos Céus e, por nós, ascendeu, depois de se fazer em tudo semelhante aos homens, humilhado até a morte na cruz e depois de tocar o abismo do máximo afastamento de Deus”, disse o Santo Padre na oração do Regina Coeli, em 4 de maio de 2008.
A Ascensão é, assim, a estrada oposta ao afastamento de Deus. Por ela, Jesus se coloca ao lado do Pai. Todavia, elucida Bento XVI, a Ascensão não é uma “temporária ausência do mundo”, pois Jesus prometeu que ficaria ao lado da humanidade para sempre. Assim, a Ascensão é a indicação de uma direção, a trajetória na qual todos são chamados.
“O Senhor dirige o olhar dos apóstolos para o Céu para indicar a eles como percorrer a estrada do bem durante a vida terrena. Ele, entretanto, permanece na trama da história humana, está próximo a cada um de nós e guia nosso caminho cristão: é companheiro dos perseguidos por causa da fé, está no coração daqueles que são marginalizados, está presente junto aqueles aos quais foi negado o direito à vida”, salientou o Santo Padre, na oração do Regina Coeli, de 16 de maio de 2010.
Mas a Ascensão coloca em destaque outra realidade: a transcendência da Igreja. Enquanto constrói o Reino de Deus sob a terra, a Igreja marcha para o seu destino.
“A Igreja não nasceu e não vive para suprir a ausência do Senhor 'desaparecido', mas ao contrário, encontra razão ao seu ser e a sua missão na permanente, mesmo que invisível, presença de Jesus - uma presença operante, mediante a potência do seu Espírito”, ressaltou o Papa.
Em outros termos, explica ainda o Pontífice, pode-se dizer que a Igreja não desenvolve a função de preparar o retorno de Jesus 'ausente', mas ao contrário, vive e opera para proclamar a 'presença gloriosa' de maneira histórica e existencial.
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