O samaritano é Jesus Cristo, que salva o homem, paga suas contas e
promete voltar. A hospedaria é a Igreja, que cuida dos cristãos, e os
dois denários são as duas ordenanças, o batismo e a Ceia do Senhor. Ao
abordar as Escrituras dessa maneira, podemos fazer a Bíblia dizer
praticamente qualquer coisa que nos convenha e, certamente, não
encontraremos a mensagem verdadeira que Deus deseja nos transmitir.[4]
A estrada de Jerusalém para Jericó era, de fato, perigosa. Uma vez
que os funcionários do templo a usavam com tanta freqüência, seria de se
imaginar que os judeus ou os romanos tomassem providências para
torná-la mais segura. No entanto, é muito mais fácil manter um sistema
religioso do que fazer melhorias na vizinhança. Não é difícil pensar em
justificativas para a atitude do sacerdote e do levita. (Talvez nós
mesmos já tenhamos usado algumas delas!) O sacerdote havia servido a
Deus no templo a semana inteira e sentia-se ansioso por voltar para
casa. Talvez houvesse bandidos por lá e estivessem usando a vítima como
"isca". Por que se arriscar? De qualquer modo, não era culpa dele que o
homem tivesse sido atacado. Por ser uma estrada movimentada, alguém
acabaria ajudando o homem. O sacerdote deixou a responsabilidade para o
levita que, por sua vez, não fez coisa alguma! O mau exemplo de um homem
religioso tem grande poder.[4]
Ao usar o samaritano como o herói, Jesus desconcertou os judeus, pois judeus e samaritanos eram inimigos (João 4:9, João 8:48).
Não foi um judeu que ajudou um samaritano; antes, um samaritano ajudou
um judeu que havia sido ignorado por seus compatriotas/ O samaritano
demonstrou amor por aqueles que o odiavam, arriscou a própria vida,
gastou seu dinheiro (o equivalente ao salário de dois dias de um
trabalhador) e, tanto quanto sabemos, jamais foi publicamente
reconhecido nem honrado. O gesto do samaritano ajuda a entender o que
significa "usar de misericórdia" (Lucas 10:37)
e ilustra o ministério de Jesus Cristo. O samaritano identificou a
necessidade do homem desconhecido e se compadeceu dele. Não havia
qualquer motivo lógico para que mudasse seus planos e gastasse seu
dinheiro só para ajudar um "inimigo" necessitado, mas a misericórdia não
precisa de motivos. Por ser especialista na Lei, o escriba certamente
sabia que Deus exigia que seu povo tivesse misericórdia de estrangeiros e
de inimigos (Êxodo 23:4-5, Levítico 19:33, Miqueias 6:8).[4]
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