"Se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenarieis os inocentes" - Jesus (Mateus 12:7)
O
capítulo doze do Evangelho de Mateus registra três conflitos entre
Jesus e os fariseus. No primeiro, Jesus é questionado por permitir que
os discípulos colhessem espigas de milho num sábado para comer. No
segundo, por curar um homem num sábado e, por último, Jesus é acusado de
expulsar demônios em nome de Belzebu, o Príncipe dos Demônios.
As
atitudes de Jesus e dos Fariseus revelam duas concepções antagônicas
sobre como agradar a Deus. A chave para a compreensão desse texto está
no versículo acima (no qual Jesus faz uma citação ao profeta Oséias). Um
texto quer era bem conhecido dos fariseus, muito embora negado em sua
eficácia prática.
O texto fala do que Deus quer (misericórdia) e do que não quer (sacrifício). Misericórdia
é o amor revestido de preocupação para com as necessidades do próximo. É
compadecer-se e agir em prol das aflições, privações e legítimas
necessidades de alguém. Já o sacrifício, no texto, faz
referência a todo o sistema ritualístico ao qual os fariseus estavam
habituados (embora já tivessem perdido o real sentido do mesmo).
Façamos uma comparação entre os dois modos de agir: de Jesus e dos fariseus.
A via dos fariseus é a via da religiosidade, ou seja, do esforço humano em agradar a Deus por meio de ritos, tradições e observâncias dogmáticas.
A via dos fariseus é a via da religiosidade, ou seja, do esforço humano em agradar a Deus por meio de ritos, tradições e observâncias dogmáticas.
O caminho da religiosidade:
- passa invariavelmente pela perseguição ao pecador ou (muitas vezes) ao inocente que é tido por pecador de acordo com os preceitos daquele que o persegue.
- gera uma distorção do conceito de pecado.
O religioso passa a enxergar pecado além daquilo que constitui ofensa à
Deus e sim aquilo ofende sua própria crença. Veja de quê Jesus é
acusado: permitir que famintos colhessem milho num sábado, curar um
homem num sábado, expulsar demônios e ser chamado de Filho de Deus. Nada
disso é pecado!
- afasta o seguidor do espírito do evangelho.
A pergunta de Jesus aos fariseus (“Não lestes o que está escrito?) os
expõe a uma enorme vergonha. Eles eram doutores na Lei e, entretanto,
desconheciam a misericórdia de Deus em relação a Davi e aos sacerdotes
(v.3-5).
- conduz à contradição e ao relativismo.
Os fariseus, tão zelosos da guarda do sábado, deveriam estar em suas
casas descansando. Entretanto estavam perseguindo Jesus na esperança de
pegá-lo em algum deslize (v.2). Estavam trabalhando como fiscais da
guarda do sábado e faziam isso num sábado! Além disso, eram capazes de
tirar uma ovelha do buraco num sábado (nem tanto por amor a ovelha, e
sim por amor ao patrimônio), mas incapazes de se compadecer de um homem
doente (v.11). E o pior (v.14): não viam nenhum problema em fazerem uma
reuniãozinha de trabalho num sábado, desde que fosse para tramar a morte
de um sujeito que eles condenavam por fazer o bem num sábado!
- conduz a uma inversão de conceitos tal que faz com que o religioso chame de maligno aquilo que é de procedência divina (v.24);
Em
todas essas situações, os fariseus deixam claro que desconhecem o que
significa misericórdia. Esse apelo de Jesus ao conhecimento do que Deus
REALMENTE QUER (misericórdia e não sacrifícios) nos ensina um meio
infalível de agradar a Deus. Nunca erraremos ao colocar o próximo e suas
necessidades acima dos ditames da religiosidade
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